sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Cartas do Haiti

No sexto dia, Eduardo Almeida visita comunidades de camponeses exploradas pela empresa que produz o licor Contreau e descobre a mística da união entre os trabalhadores.

Direto do Haiti, em San Rafael, duas horas de carro de Le Cap. Estamos em uma das passagens para a planície central do Haiti, uma zona usada pelos escravos na revolução como zona de refúgio. Hoje, San Rafael é centro de toda uma área de terras ocupadas por camponeses já há mais de vinte anos, com inúmeras lutas e prisões. Reúnem cinqüenta mil pessoas, em cinco comunidades, sob a direção de Batay Ouvriyé (Batalha Operária). Nesse momento um de seus líderes, Elio Pierre, está preso há seis meses.

Sou recebido pela coordenação das cinco comunidades. A reunião é debaixo de uma grande árvore. Sombra garantida em um dia quente. Era para ter umas vinte pessoas, mas aos poucos vão se juntando os ativistas que estavam por ali. No final, estão sentados comigo quase cinqüenta camponeses.

O primeiro fala com voz mansa como a luta pela terra começou junto com a revolução. Toussaint Loverture foi o general da independência, mas era também o representante das novas classes dominantes negras. A referência histórica de muitos por aqui era Moisi, um dos generais da libertação, o dirigente dos cimarrons , os quilombolas daqui, escravos fugidos que formavam comunas no interior. Moisi terminou sendo morto pelo próprio Toussaint, mas a luta seguiu desde então, até os dias de hoje.
Outro conta a luta deles em Guacimal em 2002. A Cointreau, multinacional francesa, planta aqui as laranjas amargas com que faz um de seus licores mais famosos. Os trabalhadores são operários por seis meses (colhendo as laranjas e semeando novamente), e camponeses pelos outros seis meses. Nesse segundo período, trabalham nas mesmas terras para sua própria subsistência. A multinacional impôs que lhe dessem a metade de sua produção como camponeses.

Houve então uma luta duríssima, que durou vários meses, com muitos presos. Em um dos enfrentamentos morreram dois trabalhadores, Ipharés Guerrier e Fransilyen Eximé. A multinacional só recuou quando os mesmos camponeses, já transformados em operários se recusaram a colher a laranja da safra seguinte. A vitória de Guacimal ajudou a organizar as outras ocupações, e até hoje os mortos são reverenciados.
Eles contam como os latifundiários estão se organizando de novo para tentar tomar suas terras de volta, agora ajudados pela Minustah. Existe um tom de revolta ancestral, secular nessas vozes. Quando um fala, outro apóia, terminam quase num coro. Deram sua vida pelas terras que ocupam, e vão seguir dando. Senti de perto o pulso da história, o hálito da revolução nesses camponeses simples, sentados em volta de uma velha árvore.

Me escutam atentamente quando lhes falo como Lula está ampliando o agronegócio no Brasil, e não faz nada pela reforma agrária. Como engana os trabalhadores brasileiros com o papel “humanitário” da Minustah. Ficaram alegres quando lhes propus uma luta comum contra a Minustah e o apoio à luta pela libertação de Elio Pierre.

No final, uma cena bem semelhante às do MST no Brasil. Vários deles trouxeram uma grande pedra para o meio da roda. Um de seus líderes pediu que um dos presentes tentasse erguer a pedra. Vários tentaram sem conseguir, por seu peso enorme. Sugeriu então que dois tentassem. Conseguiram, com muito esforço. Depois, quatro pessoas- eu inclusive- levantaram a pedra com facilidade.

O coordenador falou então para mostrar como só podiam ser vitoriosos se estivessem juntos, e que mesmo a prisão de Elio Pierre poderia ter sido evitada se a reação fosse mais forte. Não falava à toa. Eles já tiraram da prisão na marra a vários de seus líderes. A lição serve para trabalhadores de distintos países, como o Brasil e Haiti.


Fonte:
www.conlutas.org.br

Alma Africana

Prezados camaradas, este vídeo mostra uma parte da arte africana em diversos aspectos e formas, a Exposição "Alma Africana" que acontece em Lisboa-Portugal, é importante pois ressalta a diversidade dos povos que compõem todo continente.
Vale muito ver, são apenas 3 minutos.

Abraço.

http://www.youtube.com/watch?v=Mh__Pztb2SE


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Toussaint L'Ouverture um dos líderes da Revolução Haitiana por Jacob Lawrence





General Toussaint L'Overture, 1986
silkscreen on 2-ply rag paper
28 3/8 x 18 1/2 inches
Courtesy of the DC Moore Gallery, Inc
New York, NY

sábado, 12 de dezembro de 2009

Enquanto isso no Haiti...

Haiti Libre!

Más 400 militares brasileños acompañados de policiás haitianos atacaron a la madrugada un Barrio de Cité Soleil -llamado Bois Neuf- provocando, según cifras oficiales, 9 muertos. Pero testigos de la barbarie afirmaron que las personas asesinadas superaron la cifra de 20 y las heridas la de 80. Entre ellas aparecieron cadáveres de varios niños. Ese ataque, que duró varias horas, se realizó con blindados, fusiles automáticos de gran poder, helicópteros, etc., causando una verdadera tragedia entre los 300.000 habitantes de Cité Soleil, quienes viven en casitas de cartón, chapas, etc. Fue un ataque contra los más pobres de los pobres haitianos, bajo el falaz argumento o pretexto de eliminar a un grupo de bandidos que viven del secuestro.

Las tropas de la MINUSTAH "ganándose" el corazon de los haitianos


Fenómeno que, curiosamente, luego de 2 años de permanencia de la MINUSTAH (Misión de las Naciones Unidas para la Estabilización de Haití) dirigida militarmente por Brasil, se transformó, sobre todo en los últimos meses del año 2006, en la industria más próspera que funciona en Haití. Toda una realidad que demuestra claramente la inoperancia de esa fuerza de ocupación.

Cabe recordar que desde su imposición en junio de 2004, los pobres en Haití manifestaron su rechazo a la presencia de la MINUSTAH. Y en los últimos meses del año que acaba de terminar con ese nuevo baño de sangre entre los condenados de nuestra tierra, dicho rechazo se transformó en una constante de la vida política del país. La única respuesta hasta ahora ofrecida por esos serviles del imperialismo norteamericano ha sido: PLOMO Y MÁS PLOMO. Así piensan que pueden seguir ocupando nuestro país imitando los ejemplos de sus jefes en Irak. Así también piensan proyectarse como país emergente o potencia emergente capaz de manejar una crisis utilizando los mismos mecanismos empleados por el máximo terrorista del mundo, George W. Bush. Con esos méritos o certificados de asesinos a sueldo, los dirigentes brasileños aspiran a obtener un puesto permanente en el Consejo de seguridad de la ONU.

Sin duda alguna, la supuesta imagen de progresista que los partidarios del presidente Lula le colocan, cae en mil pedazos ante tales hechos propios de un fascista. En este sentido, cabe a los verdaderos progresistas brasileños pronunciarse al respecto acompañando al pueblo haitiano en su exigencia de RETIRO INMEDIATO DE LA MINUSTAH. Pues nadie puede ufanarse de progresista asesinando a pobres y niños de otro país, violando la soberanía de otro país e ignorando el derecho a la autodeterminación de otro pueblo para satisfacer intereses mezquinos y viles y obedeciendo ciegamente al imperialismo norteamericano.

Se trata de una respuesta urgente, ya que evitará más muertes y, al mismo tiempo, demostrará con hechos y no sólo con lindos discursos que la solidaridad no puede ser selectiva. Una solidaridad que los primeros dirigentes de nuestro país como Dessalines y Pétion ofrecieron generosamente a Miranda, Bolívar y tantos otros. Invitamos a los dirigentes brasileños a revisar más a fondo la verdadera historia de nuestra región, pues allí, sin duda alguna, encontrarán datos sorprendentes capaces de ayudarles a profesar un mínimo de respeto hacia el pueblo haitiano. En nombre de ese internacionalismo revolucionario -prácticamente inimaginable para la época- desplegado por los haitianos luego de la proclamación de nuestra Independencia, exigimos el fin de las matanzas y el retiro inmediato de la MINUSTAH.



¡¡ABAJO LA OCUPACIÓN!!

¡¡FUERA LA MINSUTAH DE HAITÍ!!

¡¡VIVA LA LUCHA DEL PUEBLO HAITIANO!!

Henry Boisrolin
Coordinador del Comité Democrático Haitiano en Argentina

Força de paz?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Abaixo o extermínio em Pernambuco

Em Pernambuco a crise econômica tem tido grande impacto sobre a classe trabalhadora, apesar da ampla propaganda alardeando crescimento e desenvolvimento do estado. Recentemente o Dieese divulgou uma pesquisa mostrando que o desemprego aumentou na
região e hoje está em 19,5%, mesmo com a instalação de várias empresas através do projeto de Suape (Perdigão,Sadia, estaleiro Atlântico Sul, refinaria) e em outra partes do estado.

O índice de assassinatos de jovens negros, de mulheres e homossexuais no estado é alarmante em Pernambuco, 171 mulheres e 28 homossexuais foram mortos de janeiro a setembro de 2009. O pacto pela vida, principal projeto político de segurança do estado, não responde à violência contra a classe trabalhadora e os setores oprimidos.
Negros e negras representam as maiores vítimas da violência, do desemprego
e da miséria, com a maior parte morando em favelas do Recife.

Todos esses fatores combinados fazem com estes setores busquem uma alternativa e respostas às suas reivindicações. O MNU, a UNEGRO e as ONGs abandonaram as principais reivindicações dos negros e negras no estado. Hoje estão em cargos nas estruturas das Prefeituras do PT e do PCdoB e do governo estadual e por isso não podem desenvolver uma luta conseqüente contra os governos. Isto mostra a necessidade
de construirmos nova direção para o movimento, para colocar na ordem do dia as lutas do povo negro. Precisamos lutar contra o desemprego e contra a violência que extermina negros e negras do estado. Para isto precisamos fortalecer
o movimento Quilombo Raça e Classe no estado.

Obama e a crise do capitalismo

Obama repetiu Bush e preferiu ajudar as empresas, com ajudas bilionárias, que, se investidas globalmente, seriam o maior plano de combate à fome já visto no mundo. Essa ajuda foi para bancos e empresas, que mantiveram seus lucros e os ganhos dos executivos.

Pior do que isso, Obama salvou empresas como a General Motors e exigiu que estas se reestruturassem. Isso, na prática, significou a demissão de milhares de trabalhadores e os ataques a seus direitos históricos. Obama governa como os outros
presidentes dos Estados Unidos, contra os trabalhadores e o povo negro, incluindo
os 46 milhões de trabalhadores norte-americanos sem acesso à saúde.

" LULA, É UM CRIME MANTER AS
TROPAS BRASILEIRAS NO HAITI!
OBAMA E A CRISE DO CAPITALISMO "

Há décadas, o Haiti tem sofrido com retaliações e incontáveis intervenções militares. Desde 1914, quando os fuzileiros dos EUA roubaram as riquezas do país, passando pela famigerada ditadura de PapaDoc e BabyDoc, marcada por corrupção, conivência com os órgãos mundiais e crimes de Estado sobre a população mais pobre da América Central. No dia 16 de setembro deste ano, o Brasil completou cinco anos de ocupação,que violenta a soberania e os direitos humanos, para proteger os patrões e as maquiladoras, que exploram a mão de obra haitiana, com 90% de mulheres negras.

O Quilombo Raça e Classe - Conlutas e o Jubileu Sul vem a público denunciar o Plano Hope – que permite a implantação de empresas brasileiras no Haiti, e a exportação de roupas sem impostos diretamente aos EUA. Ou seja, implanta mais fábricas de tecidos que superexploram mulheres negras por salários miseráveis e sem nenhum direito trabalhista, para lucros de empresas como a Coteminas, do vice-presidente José Alencar.

A Minustah – nome da missão que reúne as tropas da ONU - prendeu dezenas de ativistas e viola os direitos da Constituição haitiana. Hoje os trabalhadores
haitianos estão lutando contra os planos de exploração da burguesia local e
internacional que exploram com um dos menores salários do mundo. A falsa “missão de paz” é formada por tropas que intimidam, estupram mulheres negras, roubam e matam.

Enquanto isso, o atual presidente do Haiti, René Preval, mantém apoio às tropas, faz
privatizações e rebaixa o salário mínimo, contra um povo que tem luz por algumas
horas por dia, não tem acesso à água e nem transporte. O governo haitiano submete o país aos interesses dos planos do FMI, o qual exige o pagamento da divida externa em
detrimento da miséria e da fome da população.Ou seja, as tropas de Lula aceitaram
fazer o trabalho imoral no lugar dos EUA e de seus soldados que, há anos, estão atolados no Iraque e no Afeganistão.

* Pela retirada das tropas da ONU - brasileiras e estrangeiras - do Haiti!

* Por um plano de obras públicas para o povo haitiano (escolas, hospitais e saneamento básico, companhia pública de água e de transporte para os estudantes
e o povo pobre) Obama assumiu o governo dos EUA em meio à maior crise econômica desde
1929 e diante da crise do governo Bush. Foi eleito com palavras como “mudança”
e “esperança” e representando a novidade, ainda mais como um político negro
e de rosto novo. Tudo isso serviu para despertar ilusões entre os negros dos Estados
Unidos, de que a sua vitória representaria uma melhoria em suas vidas.
Essa ilusão se espalhou pelo mundo, e pode ser vista também em parte do movimento
negro brasileiro.A verdade é que Obama não vai significar o fim do racismo. Justamente porque ele está à frente dos Estados Unidos, o país mais poderoso do planeta,imperialista, que precisava de uma nova face, para continuar fazendo o mesmo.
As primeiras ações de Obama ajudam a identificar a natureza de seu governo.
Na 3ª Conferência Mundial contra o racismo, os países ricos, com Obama, não
reconheceram os crimes sobre o trabalho escravo de africanos e afro-descendentes.
Os EUA, a maior nação multiracial, se negaram a reconhecer estes crimes como
passíveis de serem julgados. Seu governo continua agindo como potência militar, e aumentou a quantidade de soldados no Afeganistão, mantendo uma ocupação absurda, que já dura quase uma década. Nessas guerras, os EUA usam jovens negros e latinos,
para morrem em seu nome. A crise econômica revelou a face do governo democrata. A crise que Obama tem diante de si não é passageira e afeta a todos especialmente os mais pobres, os negros e latinos, que perdem suas casas e empregos. A crise já eliminou 4,5 milhões de empregos nos EUA e cerca de 2,5 milhões de famílias perderam suas casas. Em vez de ajudar os trabalhadores, impedindo que percam suas casas e seus salários, Obama repetiu Bush e preferiu ajudar as empresas, com ajudas bilionárias, que, se investidas globalmente, seriam o maior plano de combate à fome já visto no mundo. Essa ajuda foi para bancos e empresas, que mantiveram seus lucros e os ganhos dos executivos.

Pior do que isso, Obama salvou empresas como a General Motors e exigiu que estas se reestruturassem. Isso, na prática, significou a demissão de milhares de trabalhadores e os ataques a seus direitos históricos. Obama governa como os outros
presidentes dos Estados Unidos, contra os trabalhadores e o povo negro, incluindo
os 46 milhões de trabalhadores norte-americanos sem acesso à saúde.

www.conlutas.org.br http://quilomboracaeclasse.blogspot.com
www.conlutas.org.br
hbtlotgps:/p/oqtu.ciloomm boracaeclasse.

Avance Quilombo Raça e Classe

NEM TROPAS NO HAITI E NEM TROPAS NAS COMUNIDADES POBRES

Diante das traições das antigas direções do movimento negro, está colocado para o Movimento Quilombo Raça e Classe da Conlutas, a construção de uma nova direção para o movimento negro brasileiro, trazendo uma concepção revolucionária na luta sindical, popular e da juventude negra. Temos um grande desafio: apresentarse
como alternativa de organização política nas cidades e no campo, pautando-se pela independência diante dos governos e patrões, sob uma perspectiva socialista e
revolucionária. E buscando trazer para o campo da nossa luta sindical e popular, inúmeros setores que hoje na prática fizeram experiências concretas com o governo
Lula e com as direções conciliadoras do movimento negro.

O Quilombo Raça e Classe avança na medida em que grande parte das organizações do movimento sindical e popular e do movimento negro - como CUT, CTB, Conem, UNE e Unegro - referendam a frente popular e as traições do governo Lula. Nosso desafio é consolidar a nova central sindical, popular e estudantil onde os setores de negros e negras, mulheres e GLBTs sejam respeitados como parte integrante nos debates, na democracia operária, e nas decisões. Temos de garantir nossa participação e a democracia interna, estando representados nas instâncias deliberativas para que essa ferramenta da classe trabalhadora cumpra sua tarefa histórica de poder lutar por uma sociedade socialista, com democracia operária, sem explorados e sem exploradores.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Brasil tem dívida histórica com quilombolas, diz presidente do Incra

O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, disse que a titulação de 30 áreas quilombolas, nesta sexta-feira em Salvador, é o resgate de uma dívida histórica que o Estado tem com essas comunidades. A declaração foi feita em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Os decretos serão assinados pelo presidente Luiz inácio Lula da Silva na Praça Castro Alves, na capital baiana, durante as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra.

Segundo Rolf, viabilizar a titulação dessas áreas é como fornecer às famílias a carteira de identidade da terra. Para ele, o processo vai facilitar o acesso dos quilombolas a políticas públicas básicas, como educação, concessão de crédito e saúde.

"Embora todo cidadão tenha esses direitos garantidos na Constituição e nas leis, a titulação das terras lhes dará mais garantias e resgatará uma dívida histórica do brasileiro para com as comunidades. Essa é a importância do título", afirmou.

O presidente do Incra lembrou que a realização de um estudo antropológico das comunidades tem o objetivo de conservar as características culturais. "O que determina a legislação, a Constituição, é que essas áreas devem ser garantidas e tituladas para que se preserve e recupere os aspectos culturais, econômicos e religiosos. Então, fazemos um estudo antropológico, que é para identificar a origem dessas famílias, em que áreas viviam, para verificar se ela caracteriza-se como um quilombo."


Fonte: ABr (Agência Brasil) e retirado do blog limiaretransformacao.blogspot.com